Eis a pergunta que não quer calar: QUEM EU SOU?
Será que alguém francamente conhece tudo de si? Como posso dizer quem eu sou se a jornada ainda não terminou e acredito piamente que somos a soma de tudo que vivemos, até o último suspirar?
Sou o que a vida me fez. Nem menos, nem mais. Exata. Milimetricamente esculpida pelo artista maior que é DEUS. Sou as rimas pobres que fiz, as dores que me impuseram e as que plantei também porque de santa eu não tenho nada. Temos tantas coisas em comum. Já parou para pensar nisso? Quem você é, senão a soma do arriscar-se e errar e finalmente depois de uma romaria interminável de disparates, acontecer? A vida geralmente é redundante: os mesmos descaminhos, as mesmas escolhas erradas, os mesmos desafetos, amores desencontrados e flores jogadas nos túmulos. Mais cedo ou mais tarde todos somos comidos pelos vermes. O que importa de fato é o que fazemos com o que não é visível nem com a nanotecnologia. O espírito divino que o criador amorosamente soprou neste corpo de carne e ossos tão vil de pecados e grande misericórdia.
Perdi muito tempo crendo que eu precisava ser o que os outros ambicionavam que eu fosse. Uma jornalista bem sucedida, uma administradora nata, uma mulher fértil com dois filhos enroscados na minha saia, uma ex-fumante, uma esposa que soube escolher um marido afortunadamente abastado e centrado, uma mulher antenada que desfilava em um carro esporte último ano ou uma profissional respeitada e bem sucedida. Tudo sempre visando o quanto de grana eu poderia acumular e não o que deveria compartilhar. Afeto, otimismo, tolerância, amor.
E de revolta em revolta, de tanto perseverar em ser dessemelhante, pintar o meu mundo com as minhas próprias cores e pagar o preço por isso, já que nada é de graça, encontrei o comedimento de mim. Sou uma mulher extremamente bem sucedida porque consegui o que a maioria não consegue: ser forte o suficiente para não me vergar diante as mazelas da vida. Ter esperanças quando só tenho motivos para chorar. Ser humanitária quando tem um monte de FDP querendo puxar o meu tapete.
É... Plantei flores pelo caminho e colhi túmulos, mas isso todo mundo faz. O tempo todo. Não há vida sem morte. Não sou melhor e nem pior do que ninguém. Sou tudo o que eu consegui ser com tanta gente querendo que eu fosse o contrário de mim mesma. Ufa! Consegui!
Acredito em Deus. Amo a vida, minha família e meus amigos. Respeito o próximo e sou justa com os meus animais de estimação.
Sobre poesias...
Ainda estou correndo atrás da rima perfeita.
Ainda estou correndo atrás da rima perfeita.
Sobre a vida...
Ainda capino dores pelo caminho.
Ainda capino dores pelo caminho.
E para não dizer que não falei de flores...
Ainda acredito nas flores vencendo canhões.
Ainda acredito nas flores vencendo canhões.
Déia Reis
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