sábado, 3 de maio de 2014

CRÔNICAS DO AMOR IMPOSSSÍVEL - Sérgio Almeida Jardim


Foram eternos dias a distanciar nossas vidas.
nossos corpos, separados, recriaram seus instintos,
circunspectos, mesclados a um proscênio fosco 
atuamos como se nunca houvéssemos nos encontrado,
nos tocado, nos provado, nos revelado,
determinados, sob um céu ordinário.
Foram eternos dias a desamarrar nossos destinos, 
a silenciar nossos gritos em nossa cama. 
e a cada noite eu os ouvia, nesta cama agora vazia, 
nossos fôlegos sob esta mesma lua. 
tua saliva e tua secreção a corromper todos os hinos 
onde agora só restam demônios.

Foram eternos dias apagando nossos nomes,
o céu de tua boca, abrigo do falo insistente,
agora apenas um vácuo inconstante.
tantos foram os nós nunca desfeitos,
éramos anjos tentando saciar nossas fomes,
tentando iludir a dor persistente.

Foram eternos dias que escreveram nossa história,
a tua voz persiste ainda na noite escura,
a tua falta ocupa o espaço do ambiente,
doce ausência em minha memória,
amargo sabor no dia que se inicia.
nossas vitórias, nossas derrotas são um perjúrio.


Foram eternos dias que fecharam minhas feridas,
estancaram o sangue à minha revelia
nas avenidas do meu infortúnio,
entre os clamores dos meus dias.
bardo errante sem rumo
imerso em delírios, pecados e loucura.
Foram eternos dias a consolidar nossos receios 
entre os credos de tua púbis sob esta sombra nua. 
nossa intimidade subverteu nossa lua 
renegando a inexistente paz de nossa teia, 
em nossas faces somente a negrura 
do que passou a se chamar presente.


Sergio Almeida Jardim

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