Foram eternos dias a distanciar nossas vidas.
nossos corpos, separados, recriaram seus instintos,
circunspectos, mesclados a um proscênio fosco
atuamos como se nunca houvéssemos nos encontrado,
nos tocado, nos provado, nos revelado,
determinados, sob um céu ordinário.
Foram eternos dias a desamarrar nossos destinos,
a silenciar nossos gritos em nossa cama.
e a cada noite eu os ouvia, nesta cama agora vazia,
nossos fôlegos sob esta mesma lua.
tua saliva e tua secreção a corromper todos os hinos
onde agora só restam demônios.
Foram eternos dias apagando nossos nomes,
o céu de tua boca, abrigo do falo insistente,
agora apenas um vácuo inconstante.
tantos foram os nós nunca desfeitos,
éramos anjos tentando saciar nossas fomes,
tentando iludir a dor persistente.
Foram eternos dias que escreveram nossa história,
a tua voz persiste ainda na noite escura,
a tua falta ocupa o espaço do ambiente,
doce ausência em minha memória,
amargo sabor no dia que se inicia.
nossas vitórias, nossas derrotas são um perjúrio.
Foram eternos dias que fecharam minhas feridas,
estancaram o sangue à minha revelia
nas avenidas do meu infortúnio,
entre os clamores dos meus dias.
bardo errante sem rumo
imerso em delírios, pecados e loucura.
Foram eternos dias a consolidar nossos receios
entre os credos de tua púbis sob esta sombra nua.
nossa intimidade subverteu nossa lua
renegando a inexistente paz de nossa teia,
em nossas faces somente a negrura
do que passou a se chamar presente.
Sergio Almeida Jardim
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