sexta-feira, 10 de julho de 2015

A LEGIÃO - Crônica




     Ao contrário do que se possa esperar, o meu primeiro beijo foi um verdadeiro fiasco.        Nada de sininhos tocando e nem estrelas girando ao redor da minha imaculada e pueril cabecinha. Nadica de nada, a não ser uma dolorosa-assombrosa-desilusão. Não dá para contemporizar, desculpem-me, a prejudicada fui eu. Traumatizei.  Fazer o quê?


     Beijo para mim vinha acompanhado de pedido de casamento e podia durar uma noite inteira. Tinha que ter lua cheia, sim, enfeitando o céu. Olho no olho, mãos suando e coração acelerado querendo saltar do peito pra nunca mais voltar. Beijo para mim era agonia doce que curava uma vida toda de maus tratos. Beijo bem dado podia até engravidar. Sério! Era redenção e suicídio.

     Eu tinha essa visão sobrenatural do amor que só acontece mesmo (à primeira vez) em filmes hollywoodianos. Mas preciso ser honesta com vocês, não dá para culpar o mancebo-beijador, por mais que eu quisesse jogar a culpa desse embuste em alguém. Responsabilizar a lua pelos meus sonhos desfeitos, é loucura também. Eu? Sou inocente, juro! O culpado foram eles: a legião. O culpado foram aqueles tolos livros de amor que li.

Georgete Reis

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