quarta-feira, 25 de junho de 2014

TCHOLINHO, O CÃO TRIPÉ

   
 Como aprendemos com os animais, não? Posso dizer que sempre aprendi muito. Um dos maiores aprendizados foi com um cachorro da raça Fox Paulistinha. Um cãozinho sapeca, levado da breca. Com ele descobri o quanto o ser humano é angustiado.
     Tcholinho era fantástico. Namorador que só. Morava em uma casa e logo aprendeu a pular o muro alto para namorar as princesas da vizinhança. Todos no condomínio o conheciam. Era muito amado por alguns e nem tanto por outros. Era um tal de aparecer filhote de poodle com pedigree com focinho de Fox… Um espanto! Tcholinho: ‘O Cyrano do mundo canino’. O fato é que ele fazia sucesso.
     Acontece que Tcholinho se encantou por uma Pastor Belga, mas esqueceu que ela vivia acompanhada. E num belo dia de cio ele invadiu a casa dos gigantes. Ela até gostou, mas o companheiro não! Foi uma briga feia e o Tcholinho se deu bem mal, quase partiu desta para uma melhor. Levou uma mordida na coxa que pegou a veia femural. A coisa foi tão grave que a patinha traseira teve que ser amputada. Ficou uns dias internado e…
     Voltou a ativa. Quer saber se ele se abalou ou ficou triste, deprimido? Pois nem um pouco. Fazia xixi plantando bananeira e rapidamente se acostumou a nova condição e ao novo apelido nem tão romântico: Tripé. Em pouco tempo conseguiu pular o muro novamente e já estava aumentando a população canina do condomínio de novo. Nada disso abalou sua auto estima. Fiquei impressionada. Ele era um cachorro feliz, não ficou amargurando a perda da pata. Simplesmente se reajustou as novas condições. Uma lição e tanto!
     De certa vez tocou a campanhia da casa. A dona do tcholinho abriu a porta e eis que diante dela estava uma moça muito bem vestida e maquiada, com uma poodle no colo. A surpresa: A poodle estava vestida de noiva. A moça começou a falar: “Pois é. Minha cadela era virgem, agora está grávida. Seu cachorro vive rondando lá em casa e outro dia o vi pulando o muro. Ele não dá para confundir, tenho certeza. Agora vai ter que casar”.
     Apesar do espanto de todos da casa resolveram levar na brincadeira. Tcholinho ficou muito contente em ver sua noiva e todos passaram uma tarde muito agradável com o casamento improvisado. Quando a noiva foi embora o pensamento era um só: Tomara que não volte pedindo pensão.

Anna Letícia Diegues


Anna Letícia escreve crônicas para o site "Curta Crônicas" é veterinária, por isso, seu amor ao animais. Para ler mais textos da autora clique nos ícones abaixo:

- Solidão
- Pollyanna
- Na Pista
- Quem Não Te Conhece, Que Te Compre


2 comentários:

  1. E qual desalmado não se encantaria com tal deliciosa estória sobre o Tcholinho, mui digno representante dos peludinhos, de looonge os meus melhores amigos? Parabenizo as duas amigas, Déia e Anna, enquanto em nome da lei e dos bons costumes, devo aconselhar o nosso amiguinho a propor um bom e generoso acordo com aquela cadelinha sapeca...
    Abraços,
    Armeniz Müller.
    Um poetinha Lapeano, sim senhor.
    De Curitiba e Portugal para um mundo de amor...

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    1. Olá querido.
      Adorei o novo visual do seu blog. Está de arrasar, sem falar nas pérolas poéticas. Já, já vou escolher uma para postar no meu blog. Parabéns pelo bom gosto. Um grande abraço.

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