Mamãe, Papai, Baby... vocês pensam em mi toda hora, cobram a minha luz e eu fazer tudo igual à meu amigo Pedro ou igual ao Pastor João, mas não vou tirar meu chapéu pra essas pessoas. Não quero ser prefeito, não nasci pra Sílvio Santos nem pra Flávio Cavalcanti, não quero provar nada, não posso ficar aqui parado, pois não sou de esperar Papai Noel, prefiro o Moço do Disco Voador.
Talvez vocês não entendam, mas acho isso tudo uma grande piada e um tanto quanto perigosa. Não me digam que eu não posso apanhar o linha 743 e partir, pois quero andar do jeito que eu gosto, seja em Feira de Santana ou em Paris. Não entendo tanta gente aceitando a mentira de ter sucesso na vida como artista sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo.
No auge da minha agonia, os livros na minha estante e todo jornal que eu leio me causam imensa dor em ver o amor nascer e ser assassinado, sem saber quem vai chorar, quem vai sorrir... quem vai ficar, quem vai partir. eu, do meu lado, ouço uma voz que canta, uma voz que dança, uma voz que gira, e que me diz que há tantos caminhos, tantas portas, e que somente uma tem coração.
Quero, com minha teimosia braba de guerreiro, cruzar a ponte, pôr meu pé na estrada, essa estrada comprida que não tem saída, que não sei onde é o início, nem o fim, nem o meio, mas é o caminho que eu mesmo escolhi, e vou tentar conhecer a história do princípio ao fim, vou sempre tentar outra vez, e sei que tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar. Na verdade eu ainda não consegui tudo o que eu quis...quero ser capaz de sacudir o mundo, quero aprender os segredos da vida, mesmo que seja uma vida mal vivida, uma ferida mal curada, uma dor já envelhecida, mesmo que a terra pare n"uma 2ª feira e decretem feriado.
E se, na minha loucura real, daqui à dez mil anos depois de passar tanto janeiro eu for um velhinho sentado na calçada com uma cuia de esmola e uma viola na mão cobrando taxa pra ir pra Lua, exigindo identidade pra ir pro Sol, dizendo que vi Cristo ser crucificado mas que quem me deu um toque mesmo foi o Diabo, e as pessoas me xingando grandessíssimo idiota, de louco pirado, de maluco...beleza. Pois saibam que não quero viver esperando a morte chegar, sabendo que tem tanta estrela por aí.
Vocês nunca me disseram: "faça o que tu queres". Por isso é que às vezes eu lhes pergunto: se eu amo vocês e vocês me amam, o que é que vocês querem se vocês me privam do eu mais venero?
A BELEZA DE SER...
ESSA METAMORFOSE AMBULANTE.
(Compilação com frases de músicas gravadas por Raul Seixas)
Uires Marins
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